quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mudança Subjetiva na dependência química

Relato no tratamento em dependência química : mudanças subjetivas Claudia Fabiana de Jesus – clafaje@hotmail.com Este relato diz respeito a um atendimento com paciente com “ diagnóstico” dependência química, o qual está em tratamento. Este escrito revela mudança de posição subjetiva e assim, transformações do próprio paciente em relação à ele mesmo. De forma bem geral o paciente tem trinta anos e apresenta histórico do uso do crack. Retoma o tratamento e, no momento presente, está abstinente. Esboço alguns pontos do diálogo com o paciente: “Antes eu buscava motivação para párar de usar crack, buscava aqui, acolá, buscava em filho, nos pais, na namorada, em ganhar dinheiro, em ser alguém, enfim, a minha busca era constante, procurava a motivação fora. Assim sendo , neste período, eu lutava contra as drogas e a minha energia foi para este foco. Descobri, que para mim este não era a motivação, não era o caminho e por isto que eu não conseguia parar com o crack. Neste retorno ao tratamento a minha motivação não estava fora, nem estava em lutar para ficar sem o crack. A motivação emergiu dentro de mim no foco de ser mais feliz, de investir em mim, de me sentir bem e estar satisfeito comigo mesmo e assim, o crack perdeu o sentido. A minha motivação estava na vida e, naturalmente, a droga não tem mais espaço. Esta trajetória para mim teve mais sentido e assim, o importante não é a luta contra as drogas, mas a descoberta de si naquilo que tem sentido na vida para a própria pessoa” . Este relato retrata uma mudança subjetiva a qual reflete uma profundidade no que se refere a tratamento nesta área. O foco do paciente não foi se abster da droga mas voltar-se para si, encontrar um sentido em sua vida, saber o que gosta e assumir os seus desejos, suas escolhas com responsabilidade, independente da expectativa do outro. Logo que o paciente trabalhou em prol disto o sentido da droga se perdeu, não há porque mais utilizar substância psicoativa. Há o entusiasmo pela vida apesar das vicissitudes do existir. O paciente vai além da categoria de doente, se responsabiliza pela sua própria satisfação e seu modo de existir e se descobre para além das drogas. Ressalto que esta experiência é algo a ser compartilhado pois se percebe a possibilidade de mudanças subjetivas. A droga perde o sentido quando a vida ganha sentido. Quando o indivíduo se descobre, quando ele reconhece os motivos de seu uso de drogas, quando ele descobre outra coisa que ocupa o lugar da droga/ álcool ele não precisa mais utilizá-la. Que haja maior espaço de profundidade nas intervenções no campo das drogas.

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