sábado, 11 de maio de 2013

Palestras sobre "Drogas" Repense!

O que se reproduz nas palestras sobre dependência química? Claudia Fabiana de Jesus – Psicóloga – clafaje@hotmail.com A dependência química é algo, hoje em dia, debatido com mais frequência. Há muitas pessoas engajadas nesta temática e, participamos de diversas palestras nesta área. O que se observa que é comum são palestras cujo foco aborda a dependência química como algo engessado, “pronto”, com discurso normatizador sendo expressado em um show de oralidade, com fala ate bem animada, com tom motivador mas, o conteúdo é o mesmo há muito tempo. Alguns mais cuidadosos, trazem dados científicos para ilustrar suas palestras, dando ar mais sério, saindo do senso comum mas preso as ideologias da ciência contemporânea e da visão biomédica. Outros colocam a vaidade própria na sua apresentação querendo mais falar de si do que falar da palestra ou focando mais para mostra resultados. Mas, na prática não se tem metodologia adequada para realmente avaliar os resultados de uma práxis. O que se vê, também, é uma busca por trazer soluções pessoais ou institucionais e, muito raro palestra que traga mais questionamentos e análise crítica. Talvez, seja porque é angustiante a complexidade do “campo” das drogas e construímos ideias que nos mantém com certo grau de certeza. Outros repetem palestras falando de suas experiências, as quais são exemplos a seguir, sem que se questione a existência da singularidade e a importância da escuta para o outro. Outros repetem palestras com o intuito de ensinar como deve ser a partir de um padrão, um script. Falando nisto, eu estava numa destas palestras e uma colega, sentada ao lado, mal sabendo o que eu estava pensando, me disse: “...Nossa! Fui numa palestra deste palestrante e ele falou as mesmas coisas, as mesmas frases, as mesmas brincadeiras, nada mudou...” Sabemos que o ser humano monta para si uma fala pronta seja em sua vida pessoal, cotidiana e ate mesmo na vida profissional. Mas, há a necessidade de sair disto pois o ser humano tem capacidade criativa, capacidade de renovar, de rever as próprias construções, de criar novas perguntas, de sair de uma posição cômoda e se aventurar a questionar as próprias ações, ideias, as próprias verdades. È fundamental o indivíduo refletir sobre sua prática mais do que vem fazendo, como se observa, neste exemplo, das palestras. É válido que o profissional possa mexer naquilo que ele acha que sabe e trazer algumas incertezas e reflexões. È importante ter dúvidas. Escutei há algum tempo: Quando está tudo muito bem, precisa rever”. Enfim, acredita-se na importância de encontros, palestras sobre dependência química e isto já está caminhando, porém, é necessário que as mesmas possam trazer mais questionamentos do que respostas e que o ser humano possa aprender a lidar com isto.

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