sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Dia da Tolerancia

Dia Internacional para a Tolerância e a reflexão no campo da drogadependência Por Claudia Fabiana de Jesus – Psicóloga - clafaje@hotmail.com
O Dia Internacional para a Tolerância foi instituído pela ONU como sendo o dia 16 de Novembro de cada ano, em reconhecimento à Declaração de Paris, assinada no dia 12 deste mês, em1995, tendo 185 Estados como signatários. Foi instituído pela Resolução 51/95 da UNESCO. A Declaração da ONU fez parte do evento sobre o esforço internacional do Ano das Nações Unidas para a Tolerância. Nela os estados participantes reafirmaram a fé nos Direitos Humanos fundamentais e ainda na dignidade e valor da pessoa humana, além de poupar sucessivas gerações das guerras por questões culturais, para tanto devendo ser incentivada a prática da tolerância, a convivência pacífica entre os povos vizinhos. Remetia, ainda, à Declaração Universal dos Direitos Humanos que afirma que todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, todos têm direito à liberdade de opinião e expressão e a educação deve promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações, grupos raciais e religiosos. Verifica-se que isto não é uma realidade que vemos. Existe muito Intolerância em diversos campos e chega a um ponto de normatizá-lo e, muitas vezes, pode nem ser percebido como intolerância, chegando ao ponto de se acostumar. Percebe-se que as pessoas estão intolerantes e não sabem lidar com as diferenças e isto pode gerar muitos conflitos desde o micro até o macro. Enfim, a intolerância ocorre desde a família, nas instituições de forma geral, no trânsito, nas relações entre as pessoas e entre as nações. No campo da drogadependência há uma intolerância em diferentes campos, mas focarei a respeito da intolerância a pessoa que consome drogas/ álcool gerando preconceitos, desrespeito e estigmas que se tornam maléfico. Na intolerância não se busca compreender e, sim já há uma verdade pronta e se o sujeito não se adequar a ela, a mesma está fora e assim, se intolera quem foge de um padrão instituído, socialmente, numa determinada momento. As pessoas que consomem drogas, ainda mais as ilícitas, são intoleráveis pela sociedade e se percebe no cotidiano ações repletas de julgamentos moralistas, contudo, há muita hipocrisia e interesses nesta área. Há de se perguntar: No que sou intolerante e o que isto vem revelar? O que na intolerância tem haver com voce mesmo? Quando se remete a questão das drogas não significa tolerar as drogas, ou aceitar uma situação atual, até porque esta questão é muito complexa e não fixaremos em respostas simplistas. Mas aqui se está falando do ser humano e não o foco em drogas/ álcool e assim sendo, que é necessário repensar a questão da Intolerância e suas vicissitudes. È fundamental repensar os direitos humanos, a dignidade, a ética, a liberdade de escolha e estes pontos tem haver com tolerância. Trago uma reflexão no campo da sociedade: Como está a sociedade contemporânea em relação a respeito ao próximo, a singularidade e a liberdade de ideias e de expressão, as diferenças,a dignidade humana,a ética, o direitos entre outras? E o que estas questões, remetendo a pouca presença das mesmas ou ate mesmo ausência, tem haver com as questões da drogas? È necessário sair da Intolerância para a tolerância para que se possa pensar o campo da drogadependência, pois a intolerância faz com que se fixe em ideias engessadas e não se vai além. A intolerância não abre espaço para reflexão e discussão, pois não tolera. A intolerância não tolera. Enfim, o campo da drogadependência precisa sim de muitas reflexões e assim, se faz necessário repensar conceitos como tolerância e intolerância. No campo da drogadependência se faz primordial refletir sobre os direitos humanos e isto se relaciona com a temática tolerância.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Trabalhos apresentados no congresso da ABRAMD, 2013

Trabalhos apresentados no IV Congresso Internacional da ABRAMD em Salvador DROGAS E POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO, SAÚDE COLETIVA E DIREITOS HUMANOS ATENDIMENTO INDIVIDUAL: PSICANÁLISE E REDUÇÃO DE DANOS Claudia Fabiana de Jesus Mestre em Psicologia da Saúde Introdução: No centro de atenção psicossocial álcool ou outras drogas se predomina os grupos terapêuticos, porém, há o atendimento psicológico individual. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi descrever o atendimento psicológico de um idoso e discutir as mudanças subjetivas. Metodologia: O tempo da sessão varia conforme a demanda e a partir do manejo do profissional. O atendimento era semanalmente e passou a ser quinzenal. A abordagem utilizada se refere a psicanálise e a redução de danos e o trabalho se refere a estudo de caso, de caráter exploratório. Resultados: O paciente mudou sua posição subjetiva, falando de si, sem estar relacionado a abstinência ou não do álcool. O paciente traz questões ligadas a seus medos, a solidão, a espiritualidade e questões ligadas à morte. Ele traz assuntos ligados ao relacionamento com a esposa e com os filhos, bem como, ao campo profissional e a aposentadoria. O paciente traz reflexões acerca de ser idoso, do auto-cuidado e sobre a saúde. Ele não traz mais indiferença em sua fala e não fica fixado às queixas e dá foco no presente. Ele denota mais segurança em assumir os seus próprios desejos. O processo de análise se dá pela via da subjetividade e da responsabilidade de suas escolhas. Considerações finais: Pontua-se que tanto a psicanálise como a redução de danos implica o paciente em seu discurso, em seus atos e na direção do tratamento, não como um dever, mas como uma escolha. Salienta-se a construção de uma demanda analítica do próprio sujeito. Evidência a importância do manejo clínico, mesmo na prática de saúde pública, priorizar a subjetividade e a singularidade, baseada na ética do desejo do paciente. A CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA NO TRATAMENTO EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA Claudia Fabiana de Jesus Mestre em Psicologia da Saúde Introdução
: Roda de leitura é um grupo reflexivo em que o paciente tem contato com a leitura, recurso terapêutico para o tratamento e é estimulado neste sentido. Ocorre uma vez por semana, com duração de uma hora e meia, com duas profissionais e o número de participantes variou entre 8 a 18 participantes. Objetivo: Este trabalho tem como intuito descrever sobre o grupo, o papel dele no tratamento em dependência química e avaliar o grupo a partir dos próprios participantes. Metodologia: A investigação do grupo foi realizada por uma abordagem qualitativa e quantitativa com caráter exploratório. O material se refere a um questionário elaborado com o intuito dos pacientes realizarem a avaliação do grupo no que se refere ao hábito de fazer leituras, a ênfase do grupo e o que ele contribui para o tratamento. Resultados: Mesmo que o paciente não tenha o hábito de ler ele considera que a leitura melhora o raciocínio, ajuda a pensar e a falar melhor, é instrutivo e melhora os conhecimentos gerais. O grupo enfatiza reflexão, leitura, melhorias no relacionamento, interpretação, análise crítica, mudanças, novas ideias, diálogo, recurso terapêutico, entretenimento, compartilhar emoções, além de maior contato com os textos, ampliação de visão, saúde, otimismo, reorganização, consciência de si e informações da atualidade. Considerações Finais: A palavra e a leitura é um instrumento de reflexão de si, da relação interpessoal e de suas vivências e assim, o grupo roda de leitura atinge seus objetivos e contribui no tratamento no campo da drogadependência. Há a relação entre leitura e saúde, na qual se toma o ato de ler como capaz de gerar saúde e mudanças subjetivas. Salienta-se que a leitura é uma forma de promoção da saúde.

Congresso Internacional da ABRAMD

Claudia Fabiana de Jesus, 2013 IV Congresso Internacional da ABRAMD em Salvador DROGAS E POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO, SAÚDE COLETIVA E DIREITOS HUMANOS No dia 30 de outubro realizei curso no congresso Psicanálise e Atenção Psicossocial e traz a conceitos de saúde pública já instituída e ressalta a subjetividade e o papel do profissional. Nesta mesma data ocorreu a abertura do congresso com Dr. Elisaldo Carlini no qual se discutiu sobre a internação compulsória para dependentes do crack: solução ou engano? O professor traz um histórico de leis antigas no que tange a internação e que se reproduz nos tempos atuais. Traz a relação da polícia com ações de higienização, além de trazer dados que não há epidemia do crack, traz dados que há discursos científicos com outros interesses e a ABRAMD tem o papel de promover o debate mais democrático. No dia 31 de outubro se discutiu sobre leis e direitos dos usuários e saúde coletiva e teve apresentação do vice-ministro de educação e da cultura do Uruguai expondo o processo de regulamentação da maconha no país. Outra conferencia foi a redução da vulnerabilidade social do usuário de drogas e humanização da atenção no SUS. Discutiu por meio de conferencias acerca da ciência e política da cannabis e a clínica das toxicomanias, bem como, o papel da mídia, tabu, preconceito e crítica cultural e o uso problemático do álcool: contradições e desafios. Nesta data realizei a apresentação oral do trabalho “A contribuição da leitura no tratamento em dependência química” e teve vários participantes interessados na exposição e o pôster “ O atendimento individual no CAPSad: Psicanálise e redução de danos”. No dia 01 de novembro se discutiu a respeito da redução de danos no contexto atual em mesa redonda no qual se expos diferentes experiências e teve a conferencia internacional de drogas, políticas públicas e a experiência de Portugal. Outro tema discutido foi os direitos dos usuários de drogas e o estado laico, bem como, a discussão acerca do crack, a qual há comprovação científica que isto não é verídico. Outra mesa redonda se discutiu as políticas públicas, intervenções comunitárias e as experiências dos palestrantes neste sentido e se discutiu acerca do uso recreativo e medicinal da maconha com os impasses e reflexão a respeito de novas regulamentações. Em 02 de novembro o congresso por meio de seus conferencistas trouxeram discussões acerca de educação, uso de drogas e políticas de prevenção. No encerramento do evento de discutiu sobre políticas públicas sobre drogas no Brasil e no mundo e se questiona para qual direção estamos indo? Este debate teve representante renomeados e se pontuou a importância de ações para romper o antiproibicionismo em relação as drogas, os direitos humanos dos usuários de substâncias psicoativas e a importância de se rever as políticas públicas no Brasil. A partir do congresso se realizou a monção para a SENAD com o intuito de rever o cenário atual de políticas públicas sobre drogas no país. O congresso foi extremamente importante no campo nacional no que se refere a análise crítica de políticas sobre drogas e os direitos humanos, por meio da ciência e da diversidade e pela contribuição profissional e pessoal no que tange a esta associação pelo compromisso ético.