sábado, 11 de maio de 2013

Dependência Química: A Certeza da Repetição

Dependência química: a certeza da repetição Claudia F. Jesus Lidar com o novo é lidar com escolha da liberdade, com as incertezas, com a não garantia, é lidar com o desconhecido, no qual o sujeito deverá encarar e lidar. Neste aspecto há o sujeito protagonista de sua própria vida e que tem escolhas. Toda escolha gera uma angustia pois a cada escolha se perde outra e não se pode ter tudo. O sujeito é um ser faltante e é preciso lidar de forma construtiva com esta realidade. Na situação em que a pessoa está presa a repetição sua liberdade é algo não respeitado e o sujeito está na passividade e na submissão. Segundo Giraurd ( 1989) a dependência não é o resultado, ela é apenas submissão; a submissão da própria repetição, mesmo em um período de algo doloroso, pois já se tem o “destino” e o script, já está pronto. Sair desta repetição é algo que requer responsabilidade do indivíduo e o se lançar para o novo, para o desconhecido o qual não está pronto, está para ser construído. No que tange ao campo das drogas, observa-se que onde havia a incerteza dolorosa na vida do indivíduo há a certeza da repetição. A certeza é algo que o sujeito está preso e teme a incerteza do novo. Assim sendo, na relação do indivíduo com o abuso de drogas há de se considerar a repetição como algo marcante e que precisa ser trabalhado além de respostas simplistas, normatizadoras e universais. È válido considerá-las como um ponto importante a ser discutido e repensado. O sujeito na construção do novo terá que se deparar com a própria finitude, limitações, incertezas, medos, angustias, entre outras e, terá que lidar com a falta. Enfim, trago uma questão considerável que é trabalhar o que se construirá no lugar da falta da falta e o que se construirá na repetição. È algo a ser construído.... O uso de drogas de forma frequente pode se desenvolver para o abuso ou dependência de substâncias psicoativas. Há o paciente que reconhece que está tendo danos devido ao consumo e busca intervenções e há o sujeito que não está neste momento. Neste escrito foca-se o sujeito que tem ciência de sua relação com drogas/ álcool. O uso de drogas se torna algo repetitivo. Se estabelece uma maneira de viver em que a repetição é algo presente. A repetição em buscar o consumo de substância psicoativa, a repetição em fazer o uso, em vivenciar os efeitos, a repetição após o uso e o ciclo da repetição se reinicia. Verifica-se que em muitos casos o sujeito teme sair desta repetição e teme a falta da falta da droga. È interessante refletir sobre esta dinâmica pois é necessário esta compreensão para se trabalhar terapeuticamente. Mesmo com prejuízos do indivíduo na relação com as drogas é o que ele conhece e reconhece em si. Sair desta repetição não é tão simples como parece pois é necessário ultrapassar esta dinâmica repetitiva. Por mais danosa que ela seja é o que o sujeito conhece e se adaptou. A falta da droga é algo que ele reconhece e não sabe ou ainda não pode ir além. Sem a falta o sujeito arrisca a encontrar o novo. O novo é algo que ele desconhece e é algo que traz medos, inseguranças, incertezas e revela o seu próprio desconhecido. O novo é diferente da repetição pois requer a criação, a invenção, que gera angustia e o sujeito “opta” pela repetição, a qual verifica-se a necessidade da repetição e a repetição da necessidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário