sábado, 11 de maio de 2013

Drogas: A primazia do orgânico sobre outras áreas...

Dependência química: Porque somente química? A primazia do físico- orgânico: Claudia F. Jesus – Psicóloga e Mestre em Psicologia da Saúde – clafaje@hotmail.com A dependência química é uma questão presente no processo de saúde e doença e é descrito nos manuais e sabe-se que o conceito vem se alterando com o passar do tempo, de acordo com as mudanças sociais, econômicas, políticas, culturais, entre outros e depende do contexto histórico. No momento, se observa uma mudança de paradigma do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial, porém, isto se vê mais na teoria do que na práxis. No modelo biomédico se priorizava os aspectos biológicos, orgânico, anatomo-fisiológico em detrimento de outros aspectos da vida humana. Neste modelo o médico é a figura central em que se encara o ser humano como uma máquina que está disfuncional e ele tem a função de reorganizá-la. Aqui o paciente é passivo e o foco era a institucionalização, tendo como ponto fundamental a internação. No modelo biopsicossocial a saúde é algo mais amplo e complexo, que não depende única e exclusivamente de uma questão biológica. Tornou-se inegável a relação que existe entre os fenômenos saúde/doença e os fatores psicológicos, sociais, políticos, econômicos e ambientais. O processo saúde/doença está diretamente relacionado à própria complexidade e singularidade do viver do ser humano e da subjetividade. A abordagem exigida para a dependência química é coerente com o modelo psicossocial de saúde em foco na atualidade. Discute-se não só as questões orgânicas e psicológicas envolvidas, mas também os aspectos sociais, políticos, econômicos, legais e culturais inerentes a esse fenômeno. Apesar de ser preconizada a concepção biopsicossocial se observa discursos biomédicos e, ate mesmo, se reproduz nas falas dos profissionais , o que advem de manuais estatísticos, descritivos que são padrões médicos a serem seguidos. È necessário repensá-los pois este não contempla a visão biopsicossocial e, se fala que a dependência química é uma síndrome pois não tem somente uma causa e, portanto é multifatorial. Há de se perguntar a importância de se rever ate mesmo a terminologia dependência química, pois ela tende a questão bioquímica, por mais que acreditamos que este não é só o ponto, está na sua terminologia. Atualmente, ate em outras patologias se reflete sobre suas conceituações e qual o uso da mesma, além da reflexão sobre o próprio diagnóstico. Existe um interesse social que o sofrimento humano se torne doença pois assim, se constrói medicamentos, aumentando lucros e interesses de uma categoria. Chega-se ao ponto de ver uma sociedade afeita a drogas prescritas pelos médicos. Porque dependência química? O foco aqui está na substância química, na questão cerebral e até já ouvir o absurdo que “ dependência química é uma doença cerebral”, tirando a subjetividade e a responsabilidade do indivíduo. È necessário refletir sobre esta tendência forte, massificante e dominadora. A droga não pode se tornar o bode expiatório social. Que possamos ir além deste discurso e encontrar um sujeito para além de uma substância química. È necessário repensar a condição humana na sociedade contemporânea.

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