DA PROMOÇÃO DE SAÚDE À REDUÇÃO DE
DANOS NO CONSUMO E ABUSO DE ÁLCOOL
Claudia
Fabiana de Jesus- Psicóloga/ Mestre em
Psicologia da Saúde – clafaje@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: O consumo do
álcool é um tema atual da saúde pública e há diversas modalidades de práticas
nesta área. No que se refere a intervenções ao consumo e abuso do álcool é
comum práticas focadas na abstinência da substância psicoativa e a práxis
voltadas ao modelo biomédico e na patologia, contudo, há as estratégias de
redução de danos e as ações promotoras de saúde as quais são mais raras na saúde coletiva. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi
descrever o atendimento psicológico de um idoso a partir das estratégias de
redução de danos e de promoção de saúde e o intuito desta pesquisa foi discutir
o caso clínico a partir das mudanças da posição subjetiva do paciente. Metodologia: O trabalho se refere a
estudo de caso, de caráter exploratório. O atendimento psicológico era
individual e, posteriormente, passou a ser quinzenal. A abordagem utilizada se
refere à psicanálise e a redução de danos.
O tempo da sessão variou conforme a demanda e a partir do manejo do
profissional. Resultados: O paciente
mudou sua posição subjetiva, falando de si, sem estar relacionado a abstinência
ou não do álcool. O paciente traz questões ligadas a seus medos, a solidão, a
espiritualidade e questões ligadas à morte. Ele traz assuntos ligados ao
relacionamento com a esposa e com os filhos, bem como, ao campo profissional e
a aposentadoria. O paciente traz reflexões acerca de ser idoso, do auto-cuidado
e sobre a sua saúde. Ele não ficou fixado às queixas, dá foco no presente e
desloca do ser “ alcoolista”´para um sujeito que apresenta desejos, escolhas e
se responsabiliza pelas mesmas. O processo do atendimento se dá pela via da
subjetividade e da responsabilidade de suas escolhas. A partir de ações que
promovem saúde o paciente deslocou do discurso da doença, focou em sua
singularidade, reduzindo danos e se permitiu assumir os seus próprios desejos. Considerações finais: Evidencia que tanto a psicanálise como a
redução de danos implica o paciente em seu discurso, em seus atos e na direção
do tratamento, não como um dever, mas como uma escolha. Salienta-se a
construção de uma demanda de tratamento do próprio sujeito. Pontua-se a
importância dos profissionais estarem mais abertos a abordagens citadas neste
trabalho pois são concepções contrárias ao do discurso biomédico e de um
controle social pois na prática de saúde pública se percebe escasso trabalho
que prioriza a subjetividade e a singularidade, baseada na ética do desejo do
paciente e em ações singulares promotoras de saúde. Assim, ressalta a importância de mudanças no
manejo do próprio profissional para que este possibilite espaço analítico ao
paciente.
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