quarta-feira, 25 de junho de 2014

Dia 26 de junho -  Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas para o termo Dia de combate as drogas
Por Claudia Fabiana de Jesus – Psicóloga/ Mestre em Psicologia da Saúde, 2014.

A data foi definida pela Assembléia Geral da ONU através da Resolução 42/112 de 7 de Dezembro de 1987, implementando recomendação da Conferência Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, realizada em 26 de Junho do mesmo ano, ocasião em que se aprovou o Plano Multidisciplinar Geral sobre Atividades Futuras de Luta contra o Abuso de Drogas.
Anualmente a Organização das Nações Unidas, através do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) dá ênfase à Campanha Internacional de Prevenção às drogas. Nesta época, em Viena, é lançado o Relatório Mundial de Drogas contendo informações atualizadas do mundo todo sobre consumo, produção e tráfico de drogas.
Esta convenção fornece medidas detalhadas contra o tráfico de drogas, incluindo: provisões contra a lavagem do dinheiro; contra o desvio de precursores químicos; provê apoio logístico para a cooperação internacional na extradição de traficantes, entregas e transferência controladas de produtos. Tais medidas dão suporte ao compromisso mundial de combate ao crime transnacional ratificado pela declaração do milênio.
Esta é uma data para refletir a respeito da temática do abuso de drogas e do tráfico ilícito de drogas, contudo, percebe-se que no cotidiano e nas comemorações da data se coloca outro tema como Dia de Combate as drogas, Dia da Luta contra as drogas, Dia contra o uso de drogas, enfim, expressando desejo ilusório de guerra às drogas. Sabe-se que este ideial não existe e não existirá e as drogas não cessaram, pois são inerentes a condição humana e faz parte da humanidade. O foco primeiro da data comemorativa não é luta ou guerra e isto foi distorcido para esta finalidade como se verifica nas chamadas da data.
Outro ponto importante é que a data não é de combate às drogas ou ao uso e sim, ao abuso, aquilo que já está trazendo prejuízos. Será que todo uso traz danos? È fundamental levar em conta que é algo  bem diferente o uso experimental, o uso esporádico, o  uso frequente, do consumo para o abuso e para a dependência de drogas.  E nesta questão temos que levar em conta o sujeito que as utiliza, bem como, o contexto, ambiente no qual se utiliza.  Aqui nas chamadas da data parece que qualquer uso e consumo deve ser combatido, deve ser extindo? É disto que estamos falando? Isto realmente é possível?
Dentro desta temática temos que considerar algo do campo do não saber, da impossibilidade, da falta de respostas, da frustação, da incompleutde, da não compreensão e lidar com isto de forma mais madura. Verifica-se uma busca incessante de respostas padronizadas nesta área afim de aplacar as angustias do tudo não saber neste campo, como em qualquer outra área, ainda mais na sociedade contemporânea com os novos laços sociais, com as novas formas de sofrimento e de sintomas baseados no “acting out”.
Outro dado considerável na  data comemorativa  se refere o foco nas drogas, no objeto droga como Dia de Combate as drogas e salienta a importância de focar a pessoa para além das drogas. A data se refere ao Tráfico Ilícito de Drogas e isto não é tão manifesto nas chamadas, como Luta contra drogas e não se fala tanto do tráfico e do papel da sociedade no sentido de enfrentamento ao mesmo.  Além  disto se faz necessário urgente mudanças nas políticas sobre drogas em diversas áreas e os critérios do que é lícito e ilícito precisam ser rediscutidos, entre tantas outras questões no campo da lei, direitos humanos e saúde na sociedade atual.
Porque se alterou o nome oficial da data de Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas para o uso do nome da Data do combate às drogas, para a luta contra o uso de drogas? O que representa isto, realmente? O que está implicado nisto?  De forma, bem geral, há as ideologias e paradigmas vigentes nas pessoas e na sociedade como um todo. O que se tem haver com isto?
Trouxe no texto algumas reflexões, contudo, é primordial repensar o que se discute nesta data e que ideias acerca do tema está sendo, realmente, discutidas. O que é importante mudar neste sentido? Primeiro resgatar o próprio termo inicial da data e o que isto representa para as reflexões, ações e intervenções, bem como, poder ir além disso.

A caminhada é um pouco mais distante de que se gostaria mas, é preciso avançar e se arriscar mais e para isto é preciso muita coragem. Coragem para percorrer e construir novas ideias, novas maneiras de lidar com o tema, novas possibilidades e de se deparar com a incompletude do não saber e mesmo assim ter saídas mais criativas e interessantes.     




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